Desafios do agronegócio: estratégias para a evolução do setor

desafios do agronegócio

O agronegócio representou impressionantes 24,8% do PIB no último ano, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Além disso, o Brasil é um dos líderes mundiais na exportação de produtos agropecuários, uma das atividades essenciais para o desempenho da economia nacional. Atualmente, o país produz alimentos para aproximadamente 10% da população mundial.

Além disso, precisamos ressaltar o impacto socioeconômico da atividade. A população ocupada no agronegócio brasileiro somou 28,5 milhões de pessoas no terceiro trimestre de 2023, de acordo com o Cepea e a CNA.

Apesar dos números extremamente positivos para a economia, são muitos os desafios do agronegócio. A agricultura é uma atividade permeada por incertezas, com riscos climáticos, flutuações cíclicas e sazonais nos preços dos produtos agrícolas e a volatilidade das moedas contribuindo para a instabilidade na renda dos produtores.

Vamos falar detalhadamente sobre os desafios do agronegócio a seguir. Continue a leitura e confira!

Principais desafios do agronegócio

  1. Riscos climáticos

Atualmente, os desafios do agronegócio são ainda mais acentuados devido às mudanças climáticas e fenômenos como o aquecimento global.

As mudanças climáticas têm causado uma série de problemas, incluindo alterações nos padrões de precipitação, aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos como secas e enchentes, além de variações nas temperaturas que podem afetar o crescimento das culturas e a produtividade.

De acordo com um estudo encomendado pela Bayer e conduzido pela empresa global de comunicação estratégica Kekst CNC, 71% dos agricultores entrevistados relataram impactos significativos do fenômeno em suas propriedades.

Esse estudo também revelou que os produtores já experimentaram perdas econômicas nos últimos dois anos decorrentes das mudanças climáticas. Em média, houve uma redução de 15,7% na renda durante esse período, com um em cada seis agricultores relatando perdas de receita superiores a 25%.

  1. Volatilidade dos preços

A volatilidade dos preços é outro grande desafio do agronegócio. As flutuações nos preços de commodities agrícolas são influenciadas por diversos fatores, como as variações na oferta e demanda, condições econômicas globais e políticas comerciais.

A oferta e a demanda determinam os preços no mercado agrícola. Colheitas abundantes podem levar a uma oferta excessiva, pressionando os preços para baixo, enquanto uma oferta limitada pode causar aumentos de preços.

Além disso, mudanças na demanda global, como o crescimento econômico de países importadores ou alterações nas preferências dos consumidores, também afetam os preços.

Essas oscilações podem reduzir as margens de lucro, o que afeta diretamente a rentabilidade e a estabilidade financeira dos produtores. Com os preços mais baixos, os agricultores podem enfrentar dificuldades para cobrir seus custos de produção, por exemplo.

  1. Custos da produção

Os custos da produção agrícola são elevados. Para se ter uma ideia, o valor para produção de uma safra gira em torno de R$ 800 bilhões no Brasil.

Os insumos essenciais, como fertilizantes, defensivos agrícolas e combustível, têm um impacto significativo nas despesas. Em alguns casos, os custos desses insumos podem representar até 50% do valor total da produção.

Outro ponto que impacta diretamente os custos do agronegócio são os incentivos fiscais. Nesse sentido, a Reforma Tributária tem trazido algumas preocupações para o setor, dentre elas, a limitação de produtos da cesta básica com alíquota zero e a lista de insumos que não serão contemplados pela desoneração.

A definição desses pontos pode tem um impacto direto nos custos do agronegócio.

  1. Necessidade de investimento em tecnologia e inovação

A necessidade cada vez maior de investimentos em tecnologia de ponta para melhorar a produtividade e manter a competitividade externa do agricultor, também representa um desafio do agronegócio.

Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revelou recentemente que mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital. Robótica, Internet das Coisas (IoT), drones, sensoriamento remoto e Inteligência Artificial são apenas algumas das ferramentas com aplicações no agronegócio, o que demonstra que a atividade entrou de vez na economia digital.

A grande questão é que, na maioria dos casos, essas tecnologias possuem um alto valor de investimento inicial e de manutenção no longo prazo.

  1. Dificuldade no acesso ao crédito rural

Nem todas as instituições financeiras estão interessadas em fornecer crédito a todos os agricultores, tornando a concorrência por recursos muito acirrada. Isso faz com que os limites de crédito disponíveis não acompanhem o ritmo do setor, principalmente por causa de questões técnicas e de risco para os credores.

Se levarmos em consideração a inadequação dos padrões de compliance do mercado financeiro, que não são estabelecidos para o agronegócio e suas particularidades, fica ainda mais evidente que o setor carece de acesso a fontes de financiamento.

A respeito da relevância econômica, o setor regulatório do crédito adota padrões de análise e concessão tipicamente industriais para o agronegócio, causando uma dificuldade adicional de acesso ao crédito pelo produtor que não se configura como agroindústria.

Aspectos legais e inteligência jurídica frente aos desafios do setor

Os desafios do agronegócio mencionados neste material deixam claro que há uma forte demanda por financiamento. No entanto, acessar esses recursos pode não ser fácil.

Para se ter uma ideia da situação, apenas 15,5% dos produtores tiveram acesso a linhas de financiamento segundo o último Censo Agropecuário do Brasil, realizado em 2017, o que corrobora a necessidade de aprimoramento do sistema de crédito rural.

A informalidade presente na maioria dos negócios agrícolas é um dos principais dificultadores na obtenção do crédito. Nesse sentido, a estrutura jurídica, ou seja, a transição do status de pessoa física para pessoa jurídica, abre portas para mais oportunidades de tomada de crédito no sistema financeiro.

Para que o agricultor realize a migração de pessoa física para jurídica, é necessária uma análise profunda de como funciona seu negócio e um mapeamento das melhores opções para sua modalidade.

Os aspectos jurídicos podem intimidar os agricultores, dadas as complexidades legais e regulatórias do país e as particularidades de seus empreendimentos agrícolas. Nesse sentido, contar com apoio jurídico ajuda a simplificar o processo e assegura sua condução de maneira adequada e eficiente.

Quer saber mais sobre o assunto? No guia “Crédito rural: como facilitar o acesso para o produtor agrícola?”, você vai conhecer as possibilidades que podem ajudar produtores rurais e empresários do agro a superarem as barreiras burocráticas e obter crédito de maneira mais eficiente.

Crédito rural

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